Por: João Pedro Pinton e Victor Maffini
Grande parte da população mundial está concentrada no sul e sudeste do continente asiático. Nessa região, é possível traçar um círculo imaginário em torno de China e Índia que conteria em seu interior mais da metade das quase 8 bilhões de pessoas no mundo. Esse expressivo contingente populacional permitiu a China atingir, desde a segunda metade do século XX, um crescimento estratégico de suas forças produtivas, tendo como consequências o desenvolvimento econômico tecnológico no país. De fato, não é de hoje que a China é a economia que mais se expande e também a grande mão de obra produtiva do mundo. Entretanto, o que resta para a Índia, a segunda maior população mundial? Nosso artigo de hoje trata da capacidade e o potencial desse país em assumir um importante protagonismo econômico nos próximos anos.
Passado recente
Índia e China tiveram um passado recente de razoável semelhança. Ambos alvos do imperialismo europeu, serviram como parte do Império Britânico como fornecedores de produtos agrícolas para alimentar a máquina industrial da metrópole. Após enfrentar processos de consolidação conturbados, inclusive com conflitos militares, os dois países conseguiram relativa estabilidade em seu crescimento no século XXI.
Foi assim, que desde a segunda metade do século XX, a Índia passou a ter um crescimento do PIB superior à média mundial. Mesmo com uma renda média bastante abaixo quando comparada a outros países, tanto industrializados quanto não industrializados, a Índia tem conseguido nos últimos anos amenizar esse problema, aumentando aos poucos a renda per capita e diminuído a mortalidade infantil em seu território. Atualmente, a Índia é a sexta maior economia mundial, atrás da China, dos Estados Unidos, da União Europeia e do Japão.
Oportunidades para o futuro
Apesar de suas semelhanças, não é possível afirmar que a Índia será a “nova China”, devido a diferenças cruciais entre o contexto dos dois países. A China possui um planejamento econômico fortemente disciplinado pelo governo de seu único partido, permitindo um forte controle sobre a alocação de recursos que dificilmente seria igualado pela administração indiana. O modelo chinês também foi fundamentado no grande volume de exportações, algo que não necessariamente será reproduzido na Índia.
Ainda assim, há fatores, como a crescente classe média indiana, que fornecem um mercado lucrativo para produtos internacionalizados, bem como a ampla mão de obra nacional, que permite uma competitividade com a mão de obra chinesa em termos de tamanho que nenhum outro país é capaz de igualar. De fato, as projeções médias da Divisão de População da ONU estimam que a Índia deve ultrapassar a China em termos de população total entre 2027 e 2030. Fortalecendo o potencial mercado consumidor indiano.
Esse crescimento no consumo pode trazer dificuldades relativos à capacidade de abastecimento interno do país, que não deve conseguir suprir a demanda interna de sua população apenas com a produção agrícola própria, como afirma o diretor de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Gedeão Pereira, em entrevista ao site IstoÉ. Assim, a necessidade da Índia de fornecimento de alimentos vindos do exterior pode ser uma oportunidade ao Brasil para se estabelecer definitivamente em um novo mercado na Ásia com potencial produtivo industrial muito grande.
A Índia, hoje possui uma economia mista, com sua vasta população dividida entre a produção agrária e industrial. Entretanto, uma das forças crescentes do país é o setor de tecnologia da informação, que forma e “exporta” muitos profissionais da área para regiões de alto desenvolvimento tecnológico, como o Vale do Silício, nos Estados Unidos.
Ademais, a posição geográfica do país pode ser outro trunfo para seu desenvolvimento econômico e comercial nos próximos anos. Sua costa leste é um ponto estratégico para o transporte naval de mercadorias na região da Ásia-Pacífico e deve ser um ponto importante para as cadeias de suprimentos envolvendo tanto países da Oceania, como países ocidentais.
O que a Índia precisa para atingir seu potencial?
Além da dificuldade em abastecer uma população tão grande e com alta taxa de crescimento com recursos naturais próprios, a Índia também sofre com o aquecimento global acelerado nos últimos anos, que vem afetando o clima regional e provocado o derretimento das geleiras do Himalaia, as principais fontes hídricas do país. Alternativas e soluções para a questão ambiental, que possibilitem uma maior sustentabilidade do país são dois dos principais pontos no qual o governo indiano precisará se debruçar nos próximos anos.
Já no âmbito econômico e político, a Índia é um país com uma complexa rede burocrática, que pode dificultar ou mesmo atrasar processos de importação ou de exportação, que por sua vez pode espantar o investimento estrangeiro. O mesmo vale para a polêmica postura diplomática indiana, que possui entraves políticos com o vizinho Paquistão e também reivindica uma disputada na fronteira com a China, local de grande tensão no início de 2020.
O país tem potencial para crescimento, basta investir no aperfeiçoamento de seus processos comerciais, bem como aprimorar sua indústria para a geração de mais empregos e maior desenvolvimento interno. O Brasil pode se beneficiar imensamente dessa relação nos próximos 20 anos, oferecendo o já citado fornecimento de matérias primas e, também, passando a importar mais produtos industrializados da Índia.
Tudo isso mostra que a Índia é uma interessante candidata para parcerias comerciais, tanto para aqueles que buscam se internacionalizar em algum futuro próximo quanto para aqueles que buscam diversificar suas opções no mercado. Porém, é preciso fica atento ao desenvolvimento do país, à sua diversidade e peculiaridades culturais, apresentando certo entrave para aqueles com pouca experiência em comércio internacional. Quer saber como negociar com empresários estrangeiros? Ou como seu negócio pode se inserir no mercado indiano? Entre em contato conosco e agende uma reunião de diagnóstico, é rápida e gratuita!