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Economia pós covid-19: por que estudos de viabilidade nunca foram tão essenciais para exportar?

Por: Giovana Rossatto e Victor Maffini

Por que estudos de mercado nunca foram tão essenciais para a internacionalização de sua empresa?

A exportação traz diversas oportunidades, como o aumento das vendas e uma segurança contra a volatilidade da economia interna. Entretanto, para entrar no mercado externo com segurança, todos sabemos que é essencial ter planejamento e analisar bem as possibilidades. Além disso, a pandemia do coronavírus trouxe mudanças no mundo todo, que devem ser levadas em consideração na hora de fazer negócios no exterior.

Nesse artigo, vamos te explicar porque é tão importante fazer um bom estudo de viabilidade antes de exportar ou importar, especialmente no cenário atual de pandemia.

  1. O que é um Estudo de Viabilidade?

É uma ampla pesquisa que analisa a viabilidade de inserção de um produto ou de uma empresa no mercado brasileiro ou no exterior, considerando todos procedimentos necessários para levar uma empresa para o exterior ou trazê-la para o Brasil.

O Estudo de Viabilidade é essencial para desenvolver o planejamento de exportação ou importação ideal para a sua empresa. Com uma análise detalhada e confiável das oportunidades e riscos do país de destino, é possível realizar um processo de internacionalização bem sucedido, com objetivos claros e palpáveis e grandes possibilidades de crescimento.

  • Analisar acordos internacionais e barreiras comerciais.

O Estudo de Mercado analisa os Acordos de Facilitação de Comércio existentes entre o Brasil e o país que se deseja exportar, verificando se seu produto tem alguma vantagem tarifária ou preferência comercial. Além disso, são analisadas as barreiras comerciais – sejam tarifárias ou não tarifárias. Quando tarifárias, elas impõem tarifas às importações (os famosos impostos de importação, como IPI, ICMS, PIS e Cofins). Já as barreiras não-tarifárias são aquelas que tratam de licenciamento de certos tipos de mercadorias e da quantidade que pode ser importada.

  • Estratégia de Promoção Comercial

É importante saber se seu produto tem potencial de venda no país para onde se deseja exportar. Deve-se analisar se o preço final do produto é competitivo e que diferenciais ele teria diante desse novo mercado consumidor. No cenário atual, também é preciso analisar como a população do país de destino reagiu à pandemia em termos de consumo, quais são seus produtos de preferência e como o seu produto pode se diferenciar e atrair consumidores nesse cenário.

Além disso, devemos considerar as mudanças de padrões e hábitos de consumo pós-pandemia. Produtos que tinham alta demanda antes não tem mais e outros agora estão em alta. Segundo pesquisa da Bain&Company as principais oportunidades no atual contexto de pandemia de coronavírus estão nas áreas de:

  • Ensino à distância.
  • Entretenimento online
  • Nutrição e saúde
  • Telemedicina
  • Planos de saúde e seguros de vida
  • Delivery
  • Produtos de limpeza
  • Produtos de prevenção
  • Internet, TV e Telefonia

Além das características do mercado consumidor do país, é necessário pensar como o seu produto pode destacar-se e atrair os consumidores locais para elaborar uma estratégia de promoção do seu produto. Deve-se levar em conta características culturais, linguísticas, climáticas, costumes, preferências gerais da população e poder aquisitivo. Por exemplo, o Mapa Estratégico de Mercados e Oportunidades Comerciais para as Exportações Brasileiras é uma destas ferramentas e tem como objetivo ajudar empresas brasileiras a mapear mercados potenciais para a exportação de seus produtos.

  • Legislação e análise tributária

Não menos importante é conhecer bem o ambiente jurídico do país que se deseja entrar. É preciso saber como funciona a legislação tributária para importações, se há incentivos para importações de algum setor e se seu produto em específico tem alguma preferência.

Além disso, deve-se conhecer as certificações de qualidade (sanitárias, ambientais, etc) exigidas para o seu produto. Proteção da marca, patentes, representantes comerciais, assistência técnica.

2. Por que esse estudo de viabilidade é tão importante agora?

Por meio dessas informações, é possível ter um conhecimento mais aprofundado dos valores a serem investidos em cada etapa do processo de internacionalização, a razão por trás desses custos e uma estimativa do sucesso e do lucro possíveis no empreendimento. O cenário de pandemia vivido desde fevereiro de 2020 traz consigo mudanças significativas na dinâmica do mercado internacional, impactando diretamente diferentes setores e países, de modo a requerer estudos atualizados para as novas dinâmicas de mercado que começam a se estruturar em conjunto às economias de diversos países.

Mercados ou produtos que antes ofereciam grande oportunidade de entrada no comércio internacional podem não apresentar uma procura tão grande no momento. Mercados essenciais, como de alimentos e de necessidade básicas são priorizados e oferecem chance de crescimento, enquanto outras indústrias, como de smartphones ou de eletrônicos no geral, podem apresentar queda de procura.

Entender essas dinâmicas é essencial para garantir que a oportunidade visualizada no comércio exterior é, de fato, concreta, e que as chances de obter lucro são maiores. Assim cresce a importância de uma análise de viabilidade para o seu negócio!

Países e setores com mais oportunidades

Mas, afinal, quais são os mercados e produtos com maior crescimento e potencial para os empreendedores brasileiros nesse momento? A pandemia global ressignificou o conceito de normalidade em nossas vidas, alternando nossas rotinas, nossos serviços e lazer. O mundo pós-coronavírus será diferente daquele que estávamos acostumados e isso se aplica, também, à economia interna e externa.

Vivemos em um momento de transição, e esse é o momento para organizar os próximos passos. O bem-estar de funcionários e clientes é a prioridade para o momento, mas sempre deve-se pensar no amanhã, por isso trazemos alguns dos mercados e produtos com grande potencial de inserção de empresas brasileiras, ou mesmo que já vivem um crescimento e são uma aposta sólida para um empreendimento.

  • EUA, Mundo Árabe e o mercado de carnes

Dentre os mercados que podemos citar com grande potencial e que já vivenciam um crescimento na demanda por importações, está o norte-americano, mais especificamente no setor de carne bovina. Desde o final de fevereiro, os Estados Unidos encerraram o embargo de carne bovina in natura do Brasil, permitindo a venda da mercadoria aos frigoríficos do país. E a oportunidade já vem sendo explorada pelos empreendedores brasileiros, assim nesses quase 4 meses desde a revogação do embargo, vemos um crescimento de quase 900% das vendas de carne bovina aos Estados Unidos.

Não só isso, segundo a ferramenta, a carne bovina alcançou a 4ª posição no ranking de exportações totais do Brasil entre janeiro e maio do corrente ano, sendo o principal produto da indústria de transformação com destino aos Estados Unidos.

Ainda que os números absolutos não sejam tão chamativos, principalmente quando comparados aos números da exportação de carne bovina para a China, o mercado norte-americano apresenta um grande potencial para crescer. Uma vez que a pandemia do coronavírus acarretou no fechamento de diversos frigoríficos do país, a produção interna dos Estados Unidos caiu em cerca de 30% somente em abril, fato que abre espaço para a internacionalização e crescimento de empresas brasileiras.

Além disso, a carne tem sofrido um recuo, bem como demais produtos agropecuários, nas exportações para o mundo árabe, tradicional importador da carne bovina brasileira. Em números, houve uma queda de cerca de 56% da venda de carnes para a região. O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério de Agricultura, Orlando Leite Ribeiro, em entrevista ao Canal Rural no início de maio, esclareceu que a queda foi acentuada por causa do impacto da pandemia, que atingiu fortemente o Irã, principalmente. Outras medidas como o isolacionismo da Arábia Saudita pode ter forte influência no resultado das exportações dos últimos meses.

  • China

consolidada desde 2009 como principal parceiro comercial do Brasil, a China não poderia ficar de fora dessa matéria. Sendo um país de proporções subcontinentais com a maior população no mundo, a China não só atua como o maior fabricante do mundo, como também um dos maiores consumidores. A produção interna não é suficiente para o sustento de seus mais de 1,3 bilhão de pessoas.

Assim que entra a importância do Brasil para os chineses. Como um país cuja força no mercado internacional é o setor agropecuário, o Brasil se destaca na rede de parceiros comerciais da China como o principal fornecedor de soja e carnes, além de ser um dos maiores exportadores de minério de ferro ao país.

No cenário de pandemia de coronavírus, a relação não enfraqueceu, mesmo tendo enfrentado os entraves do isolamento comercial, principalmente no pico de contágio na China, onde o país teve de fechar seus portos, evitando a entrada e saída de navios cargueiros. Pelo contrário, entre janeiro e maio de 2020, houve um aumento de 12% das exportações em relação ao mesmo período de 2019. De forma que a China teve mais de 31% de participação nas exportações brasileiras até o momento, totalizando mais de US$ 27,4 bilhões em valor FOB.

Não só isso, os números vêm em uma crescente desde a reabertura dos portos chineses e da superação do pico de infecções pelo país, que busca retomar o ritmo da economia pré pandemia. O setor do agronegócio, principalmente relacionado a soja, encara com otimismo o futuro das exportações do produto para a China, conforme relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que projeta um aumento das exportações de 77 para 78,5 milhões de toneladas de soja ao ano, ao passo que a China deve aumentar suas importações de 88 para 89 milhões de toneladas do mesmo.

  • Índia

No momento atual, com países como a Nova Zelândia e Coreia tendo ultrapassado o pico da pandemia em seus territórios, alguns países começam a olhar para frente buscando colocar suas economias nos trilhos novamente. Como falamos aqui, em nosso artigo sobre as cadeias de suprimentos, ou supply chains, a pandemia do novo coronavírus atingiu fortemente o comércio internacional, afetando as linhas produtivas e de abastecimento de diversos países, principalmente aqueles com forte parceria comercial com a China, como é o caso do Brasil.

Nesse contexto que a Índia surge como uma aposta nossa para o futuro. Ainda quando o COVID-19 surgiu como um problema interno chinês, o mundo sentiu suas consequências, muito devido a mútua necessidade econômica e comercial. Desse modo, a grande ameaça às cadeias de suprimentos é a sua fragilidade e dependência da abertura econômica de cada um de seus participantes. A Índia possui uma economia em crescimento, com uma robusta classe média, que fornecem um mercado lucrativo. A mão de obra abundante permite uma competitividade com a China de modo que nenhum outro país pode competir. Estimativas atuais indicam que até 2050 a Índia passe a ter a maior população do mundo, ultrapassando a China.

Indo além, o país possui uma posição geográfica privilegiada. A costa leste indiana pode facilmente se tornar um ponto estratégico no comércio Ásia-Pacífico, possibilitando a otimização das cadeias de suprimento e diminuir seus custos.

O Brasil tem na Índia um parceiro comercial de longa data. Desde o pico das exportações brasileiras em 2013, podemos ver um decréscimo das vendas ao país, que se concentram na exportação de petróleo bruto, óleos vegetais e açúcares, principalmente. Mas isso não limita as oportunidades para os empreendedores brasileiros, uma vez que a forte indústria de transformação indiana permite ao país se consolidar como um importante fornecedor ao Brasil.

Esse artigo foi escrito em conjunto entre a F5 Junior e a Atlântica Junior, como uma iniciativa para geração de conhecimento sobre o meio do comércio internacional em momento de pandemia global. O intuito da postagem é a de informar e demonstrar que, mesmo no cenário atual, existem oportunidades no comércio internacional e que serviços de consultoria são, mais do que nunca, essenciais para se ter maior conhecimento de mercado, de forma a garantir ao importador ou exportador maior propriedade no processo de internacionalização e mais segurança acerca do retorno de seu investimento.

Você pode encontrar o outro artigo de nossa série no site da Atlântica, basta clicar aqui para conferir o texto “Economia pós-covid: vale a pena internacionalizar sua empresa agora? Veja quais são os setores em alta.”

Gostou do artigo? Tem interesse em internacionalizar a sua empresa, mas não sabe por onde começar ou se é viável no momento atual? Então entra em contato com a F5 Junior ou com a Atlântica Junior e agende uma reunião de diagnóstico totalmente gratuita!

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